Você já parou para pensar em como, muitas vezes, reagimos às pessoas e situações sem nem perceber qual “lente” estamos usando para enxergar o mundo? Na Análise Transacional, essa lente pode ser entendida por meio das posições existenciais. Elas são uma espécie de visão interna sobre nós mesmos e sobre os outros que influencia profundamente nossas atitudes, emoções e relacionamentos. Essas posições muitas vezes operam no automático, deixando um rastro invisível nas nossas interações cotidianas.
Este artigo vai te ajudar a entender o que são essas posições existenciais, como identificá-las e como elas impactam a forma como nos relacionamos — sem que a gente perceba. E, claro, vamos também explorar formas práticas para que você possa reconhecer e, se quiser, transformar aquelas posições que não te servem tão bem assim.
Preparado para embarcar nessa viagem de autoconhecimento? Bora lá!
O que são as posições existenciais na Análise Transacional
Você já se pegou pensando “Eu estou bem, mas o outro não tá” ou “Talvez eu não valha muito, mas fulano é incrível”? Se sim, você já teve um vislumbre das chamadas posições existenciais. Na Análise Transacional, elas são como pontos de vista invisíveis que cada um de nós adota inconscientemente sobre si mesmo e sobre os outros, e que influenciam profundamente nossa maneira de agir e sentir.
Resumindo, as posições existenciais são uma espécie de “junção interna” de duas crenças básicas:
- Eu estou OK — eu me aceito, confio em mim e acredito no meu valor.
- Eu não estou OK — me sinto inferior, inseguro ou com algo errado.
- Você está OK — reconheço o valor do outro, considero-o confiável e competente.
- Você não está OK — vejo o outro como falho, errado ou inferior.
Essas crenças se combinam em quatro posições existenciais possíveis, que funcionam como uma “bússola” interna moldando o modo como enxergamos o mundo e nos comportamos em nossas relações. O curioso é que, muitas vezes, nem nos damos conta de qual posição estamos adotando — ela simplesmente pulsa como um padrão em nossas vidas.
Vamos desvendar melhor essas possibilidades e como elas se manifestam no dia a dia para você perceber qual delas você costuma vestir sem perceber.
As quatro posições existenciais básicas
Agora que você sabe o que são as posições existenciais, vamos conhecer as quatro combinações básicas que Eric Berne, o fundador da Análise Transacional, destacou. Essas posições funcionam como um mapa simples, porém poderoso, para entender como nossa visão interna sobre nós mesmos e sobre os outros influencia nosso jeito de ser e agir. E calma, pode ser que você já tenha vivido várias delas sem perceber!
Cada posição é formada por duas ideias básicas: o que você pensa sobre si mesmo (Eu estou OK ou Eu não estou OK) e o que você pensa sobre o outro (Você está OK ou Você não está OK). Vamos ver cada uma com atenção, porque entender isso é o primeiro passo para observar como você lida com o mundo e, quem sabe, abrir espaço para mudanças que façam a diferença.
Eu estou OK, você está OK 😊
Essa é a posição ideal e mais saudável. Quando você está aqui, há uma aceitação clara e tranquila de si mesmo e do outro. É como estar em um time onde todo mundo pode jogar junto, respeitando as diferenças e valorizando o potencial de cada um. Essa posição cria um ambiente favorável para o diálogo, colaboração e confiança.
Por exemplo, imagine um café entre amigos em que cada um se sente valorizado, pode se expressar sem medo e também reconhece as qualidades e diferenças dos outros. Essa segurança emocional transmite uma energia gostosa, que deixa tudo mais leve e aberto para crescer.
Eu não estou OK, você está OK 🤔
Nessa posição, você tende a se sentir menos valorizado ou inferior em relação aos outros, enquanto vê os outros como mais capazes ou melhores. Pode gerar sentimentos de insegurança e dependência, como se você estivesse sempre atrás, tentando provar seu valor.
Pense em alguém que, apesar de ser bastante competente, vive se comparando e acreditando que os outros sempre fazem tudo melhor — um perfeito exemplo de “Eu não estou OK, você está OK”. Isso pode gerar timidez, medo de arriscar e até dificuldades para afirmar sua opinião.
Eu estou OK, você não está OK 😕
Aqui acontece o contrário da posição anterior: você se vê como bom ou estável, mas percebe os outros como inferiores ou errados. É uma posição que pode levar a julgamentos, críticas ou uma postura de arrogância, mesmo que sutil.
Imagine uma pessoa que quase sempre desacredita nas ideias alheias e tende a não confiar, achando que “só ela sabe o que é melhor”. Essa atitude dificulta a colaboração e pode trazer conflitos desnecessários nas relações.
Eu não estou OK, você não está OK 😞
Essa é a posição mais difícil, pois representa um sentimento de desânimo ou desesperança tanto com relação a si mesmo quanto ao outro. É como se o mundo inteiro estivesse “dando errado” e você estivesse no meio disso, sem saída aparente.
Quem está aqui pode sentir que nada vale muito a pena, que nem ele nem ninguém conseguem se dar bem. É uma posição que pode gerar isolamento, tristeza e um círculo negativo de pensamentos e atitudes.
Entender essas quatro posições existenciais básicas é fundamental para que possamos reconhecer onde estamos mais frequentemente e como isso impacta nossos relacionamentos. E o que é melhor: não precisamos ficar presos a nenhuma delas para sempre. Conforme você se torna mais consciente, pode escolher assumir a posição “Eu estou OK, você está OK” com mais frequência e viver de forma mais leve e autêntica.
Como as posições existenciais influenciam nossas relações diárias
Você já percebeu como, sem perceber, a forma como você se sente em relação a si mesmo e aos outros pode transformar completamente suas conversas, decisões e até a qualidade das suas relações? As posições existenciais funcionam como óculos invisíveis que usamos o tempo todo — e que vão colorindo ou distorcendo o que vemos no outro e em nós mesmos. Entender essa influência é fundamental para melhorar nossa convivência e sermos mais autênticos.
Vamos explorar como essas posições atuam no cotidiano e quais sinais podem revelar a posição em que você costuma se colocar — às vezes sem sequer notar.
Reconhecendo sua posição invisível no cotidiano 🔍
A maior parte do tempo, você nem se dá conta da posição existencial que está adotando. É automático, quase como dirigir um carro sem olhar muito para o painel. Mas, quando você entende que essas posições estão por trás das suas emoções, julgamentos e pequenas reações, passa a ter mais controle sobre elas.
Por exemplo, se você sempre acha que “não dá conta” numa reunião, pode estar operando a partir da posição “Eu não estou OK, você está OK”. Isso vai moldar não só sua autoconfiança, mas a forma como se comunica, talvez se calando ou evitando intervenções.
Ao contrário, se você desconfia de tudo e todo mundo — pensando “Eu estou OK, você não está OK” — pode enfrentar dificuldades em confiar e criar conexões verdadeiras, o que deixa as relações mais tensas e distantes.
Identificar essas pistas pequenas, mas importantes, no seu dia a dia é um passo importante para entender qual posição você ocupa na sua própria vida e nos seus relacionamentos.
Exemplos práticos de comportamentos ligados às posições existenciais 🏠
Vamos colocar a teoria na prática. Imagine situações comuns do dia a dia e veja como diferentes posições existenciais se manifestam:
- Posição “Eu estou OK, você está OK”: Em uma discussão, você ouve atentamente, respeita a opinião do outro, mesmo discordando, e busca um entendimento conjunto.
- Posição “Eu não estou OK, você está OK”: Você evita expressar suas ideias com medo de parecer inadequado, ou sempre acredita que o outro sabe mais e está “certo”.
- Posição “Eu estou OK, você não está OK”: Você tende a criticar ou menosprezar as opiniões dos outros, acredita que seu jeito é o melhor e fica na defensiva diante de críticas.
- Posição “Eu não estou OK, você não está OK”: Você se sente desencorajado, talvez até desconectado de tudo e todos, evitando contato social ou se sabotando.
Esses exemplos mostram como o modo de olhar para si e para o outro pode mudar completamente as atitudes e os resultados nas relações. Será que você consegue identificar qual dessas posições aparece mais nas suas interações?
Trazer essa consciência para o seu cotidiano é uma maneira poderosa de começar a agir de forma mais saudável e livre, construindo conexões mais verdadeiras e produtivas.
Estratégias para identificar e transformar posições existenciais limitantes
É incrível como as posições existenciais podem agir nos bastidores da nossa vida, não é? Muitas vezes, estamos presos a crenças internas que limitam nossa capacidade de viver relações mais saudáveis e autoconfiantes. A boa notícia é que essas posições não são cadeias eternas: com um pouco de atenção e prática, podemos identificar onde estamos e dar passos para transformar essas crenças em algo muito mais leve e construtivo.
Neste tópico, vamos conversar sobre algumas estratégias simples, práticas e poderosas para você começar a reconhecer e mudar aquelas posições existenciais que, sem perceber, podem estar travando seu crescimento pessoal e suas relações.
A importância do autoconhecimento e da consciência emocional 🌱
O primeiro passo para qualquer transformação vem da consciência. Não dá para mudar o que não se enxerga, certo? Por isso, desenvolver o autoconhecimento é fundamental. Comece prestando atenção no seu diálogo interno — aquele que acontece contigo mesmo no silêncio da mente.
Você se ouve se criticando demais? Ou se subestimando? Como você reage quando alguém te dá um feedback? Essas pistas indicam quais posições existenciais estão fortes em você.
Outro aspecto essencial é o reconhecimento das suas emoções. Muitas vezes, as emoções funcionam como um painel luminoso que indica quando estamos em uma posição limitante. Por exemplo, sentir-se constantemente inseguro, desconfiado ou desanimado pode ser sinal de que sua posição “Eu não estou OK” está ativada.
Práticas como a meditação, manter um diário emocional ou simplesmente reservar momentos para refletir sobre seus sentimentos e pensamentos ajudam a aumentar essa consciência de forma tranquila e acolhedora.
Exercícios simples para mudar sua posição existencial 💡
Depois que você começa a enxergar suas posições existenciais, que tal experimentar alguns exercícios para trazê-las para um lugar mais positivo? Aqui vão algumas dicas que você pode colocar em prática já:
- Dialogue consigo mesmo de forma gentil: Troque críticas internas por frases de apoio. Por exemplo, no lugar de “Eu não sou capaz”, tente “Estou aprendendo e fazendo o melhor que posso”.
- Questione suas crenças: Toda vez que pensar “Eu não estou OK” ou “Você não está OK”, pergunte-se: “Isso é verdade? Que evidências eu tenho dessa crença?” Muitas vezes, nossas ideias negativas não passam de percepções distorcidas.
- Pratique a empatia: Colocar-se no lugar do outro ajuda a diminuir o “Você não está OK” e amplia a compreensão. Tente entender as motivações e emoções da outra pessoa antes de emitir um julgamento.
- Busque apoio: Conversar com amigos, terapeutas ou grupos de apoio é uma forma valiosa de testar e reorganizar suas posições, refletindo em ambientes seguros e acolhedores.
- Desafie-se a agir diferente: Se percebe que evita conflitos por pensar que não está OK, experimente expressar uma opinião sua, mesmo que timidamente. Pequenos passos podem gerar grandes mudanças.
Lembre-se: transformar posições existenciais é um processo de cuidado consigo mesmo. Não se cobre uma mudança rápida — celebrar cada conquista, por menor que pareça, é fundamental para seguir evoluindo.
Conclusão
Chegamos ao final dessa jornada pelo universo das posições existenciais na Análise Transacional. Com certeza, agora você já sabe que essas posições não são apenas conceitos abstratos, mas ferramentas poderosas para entender como nos relacionamos e percebemos o mundo à nossa volta.
Reconhecer em qual posição você se encontra — muitas vezes sem sequer perceber — é o primeiro passo para construir relacionamentos mais autênticos, respeitosos e saudáveis. Afinal, quanto mais consciente você se torna das suas próprias crenças internas, mais liberdade tem para escolher como agir, pensar e sentir.
Que tal começar a observar, nos seus dias, quais posições você mais adota? E se, por acaso, perceber alguma que não te ajuda muito, lembrar que sempre há espaço para transformação? As estratégias para identificar e mudar essas posições existenciais estão ao seu alcance, basta dedicar um pouco de tempo e carinho para você mesmo.
Afinal, a vida fica mais leve e prazerosa quando conseguimos estar “Eu estou OK, você está OK” com frequência — porque é aí que o respeito, a confiança e a cooperação florescem, dentro e fora de nós.
Então, que tal fazer dessa descoberta um convite para viver relações mais conscientes e genuínas? A mudança começa com um olhar atento para dentro, seguido de coragem para agir diferente.
Estamos juntos nessa caminhada!