Você já se pegou dizendo algo como “sou assim mesmo” para justificar um comportamento, um jeito de ser ou até um erro que acaba se repetindo? Essa frase, tão comum no nosso dia a dia, muitas vezes esconde um fenômeno psicológico interessante: o autoengano. Na Análise Transacional, entender o autoengano é fundamental para a gente se enxergar com mais clareza e começar a transformar padrões que, no fundo, nem sempre nos fazem bem.
O autoengano funciona meio que como uma lente embaçada que colocamos sobre a nossa própria percepção. Ele pode nos proteger de sentimentos desconfortáveis, como culpa ou insegurança, mas também pode nos manter presos em ciclos repetitivos que dificultam nosso crescimento pessoal. Por isso, é super importante reconhecer quando estamos usando aquele “sou assim mesmo” para evitar olhar para dentro e questionar a nós mesmos.
Ao longo deste artigo, vamos navegar juntos por esse universo do autoengano dentro da Análise Transacional, compreendendo como ele se manifesta, como influencia nossas relações e decisões, e o mais importante: como podemos começar a romper com essa armadilha para viver de um jeito mais autêntico e consciente.
O que é autoengano e por que dizemos “sou assim mesmo”
O autoengano é aquela história que nós contamos para nós mesmos para evitar encarar certas verdades desconfortáveis. Sabe quando você diz “sou assim mesmo” para justificar um jeito de agir que talvez nem te faça tão bem? Isso é um clássico exemplo de autoengano. É como se criássemos uma capa protetora para esconder imperfeições, defeitos ou escolhas que preferimos não analisar a fundo.
Na prática, o autoengano funciona meio que como uma zona de conforto mental. Ao aceitar essa frase “sou assim mesmo”, deixamos de olhar para o que podemos mudar ou melhorar, e isso pode travar nosso crescimento pessoal. É como se disséssemos para nós: “Não posso mudar esse lado, então nem vou tentar”. Mas será que é verdade que não podemos mudar? Ou será que estamos apenas resistindo ao desconforto do processo?
Por exemplo, imagina aquela pessoa que sempre se irrita nas reuniões e, quando questionada, responde: “sou assim mesmo, não consigo evitar”. Será que isso é um fato imutável, ou uma forma de escapar de olhar para emoções que talvez estejam por trás dessa irritação? O autoengano é uma tentativa de proteger nossa autoestima, mas ao mesmo tempo, pode nos limitar.
Na Análise Transacional, esse tema ganha ainda mais corpo, porque conseguimos entender quais partes internas da nossa personalidade estão envolvidas nesse “eu sou assim mesmo”. Vamos entender isso melhor nos próximos tópicos.
As máscaras do autoengano na Análise Transacional
Na Análise Transacional, a ideia das máscaras do autoengano ajuda a entender como muitas vezes não nos mostramos verdadeiramente. Essas “máscaras” são comportamentos e justificativas que usamos para esconder partes de nós mesmos que, por alguma razão, não queremos enxergar ou revelar aos outros.
É como se cada um tivesse um “figurino” que veste para se proteger, para evitar o desconforto da crítica interna ou externa. Essas máscaras funcionam como mecanismos de defesa, mas podem acabar afastando a gente da autenticidade e até atrapalhando nossas relações.
Para entender melhor como o autoengano se manifesta, vamos olhar duas partes importantes que entram em cena: o Estado do Eu Criança e o Estado do Eu Adulto. Eles são como personagens que representam diferentes formas de pensar, sentir e agir na nossa mente. Conhecê-los ajuda a identificar quais máscaras estamos usando e abrir espaço para mais sinceridade conosco.
O Papel do Estado do Eu Criança 😌
O Estado do Eu Criança é aquele lado nosso mais emocional, espontâneo e muitas vezes vulnerável. Quando estamos dominados por esse estado, podemos criar um autoengano para proteger sentimentos feridos ou medos profundos. Por exemplo, alguém pode dizer “sou assim mesmo, fiquei irritado porque não aguento mais”, e essa irritação pode ser uma máscara para o medo de não ser aceito ou respeitado.
Essa criança interna busca segurança, e o autoengano pode funcionar como uma forma de manter essa sensação – mesmo que ilusória – de estar protegido. Por isso, quando estamos aprisionados nesse estado, o “sou assim mesmo” pode significar uma resistência grande para mudar, porque a vulnerabilidade causa desconforto.
O Estado do Eu Adulto como despertar da consciência
Por outro lado, o Estado do Eu Adulto é a parte da nossa mente que está aqui e agora, observando e avaliando a realidade de forma racional e consciente. Essa é a porta para número um para enxergarmos o autoengano com clareza. É como acender uma luz na sala escura: passamos a perceber as máscaras e a nos questionar sobre elas.
Quando ativamos o Eu Adulto, conseguimos responder perguntas importantes como: “Esse ‘sou assim mesmo’ é um fato ou uma defesa que estou usando?”, “Qual sentimento real está por trás desse comportamento?” ou “O que posso fazer para ser mais autêntico e consciente?”.
Assim, o fortalecimento do Eu Adulto é um convite para sair do autoengano, olhar para si com honestidade e abrir caminho para mudanças reais e saudáveis. É nesse lugar que podemos começar a substituir o “sou assim mesmo” por “eu estou aprendendo e evoluindo”.
Como o autoengano impacta nossas relações e decisões
O autoengano não está apenas dentro da nossa cabeça; ele tem um efeito poderoso nas nossas relações e nas decisões que tomamos todos os dias. Quando navegamos pela vida usando aquela velha desculpa do “sou assim mesmo”, acabamos criando uma realidade que nem sempre reflete quem realmente somos ou o que podemos ser.
Pense assim: quando você se recusa a ver algo verdadeiro sobre você mesmo, como um comportamento que acaba magoando as pessoas à sua volta, está usando uma máscara que pode afastar quem realmente quer se aproximar. O autoengano cria um muro invisível entre você e os outros, porque a sinceridade – tão importante para conexões autênticas – fica comprometida.
Além disso, nas decisões, o autoengano pode ser um péssimo conselheiro. Ele pode levar você a repetir escolhas que não são as melhores, apenas porque é mais fácil manter a velha história do que enfrentar o desconforto da mudança. Isso pode acontecer em vários aspectos: no trabalho, na família, nos relacionamentos amorosos.
Imagine alguém que evita dar um feedback honesto para um colega de trabalho, dizendo para si mesmo: “Não adianta, ele não vai mudar mesmo”. Esse autoengano pode evitar um conflito momentâneo, mas a longo prazo prejudica a comunicação, o crescimento e os resultados do time.
O autoengano cria uma espécie de zona de conforto ilusória, onde fugimos da transformação e do aprendizado real. Mas será que essa zona é segura a ponto de valer a pena? Ou será que está apenas atrasando uma versão mais livre e autêntica de nós mesmos?
Entender esse impacto é o primeiro passo para decidir como agir de forma diferente, abrindo espaço para escolhas mais conscientes e relações mais verdadeiras. Vale a pena dar esse passo, não acha?
Estratégias para reconhecer e superar o autoengano
Reconhecer o autoengano é o primeiro passo para começar uma jornada de transformação pessoal. Muitas vezes, o desafio está em tirar a máscara que dificulta que vejamos nossa verdade com clareza. Mas fique tranquilo, existem caminhos práticos e acessíveis para essa mudança, que ajudam a fortalecer a consciência e a autenticidade no dia a dia.
Ao longo deste tópico, vamos explorar algumas dessas estratégias que podem ser aplicadas com facilidade para deixar o autoengano um pouco de lado e abrir espaço para um “eu” mais verdadeiro e conectado.
Exercícios para fortalecer o Eu Adulto 🧠
Na Análise Transacional, o Eu Adulto é nossa faculdade racional e consciente, que observa, analisa e toma decisões com base na realidade do momento presente. Fortalecer essa parte é fundamental para diminuir o poder do autoengano.
Alguns exercícios simples podem ajudar:
- Autopercepção diária: reserve um momento do seu dia para refletir sobre suas atitudes, pensamentos e sentimentos. Pergunte-se com sinceridade: “Será que estou sendo 100% honesto comigo mesmo nesta situação?”
- Jornal reflexivo: escrever sobre desafios e sucessos incentiva o autoconhecimento e a percepção dos padrões que se repetem, inclusive dos lugares onde o autoengano aparece.
- Faça perguntas poderosas: ao invés de afirmações automáticas como “sou assim mesmo”, questione-se: “O que me impede de agir diferente?” ou “Qual a emoção por trás desse comportamento?”
Esses passos simples aumentam o poder crítico e a consciência do Eu Adulto, abrindo caminhos para reconhecer o autoengano quando ele aparece.
Praticando a autenticação no dia a dia
Autenticação, na Análise Transacional, é estar conectado ao que você realmente sente e pensa, sem distorções ou falsas justificativas. Praticar a autenticação é uma das formas mais eficazes de superar o autoengano, pois envolve coragem para ser verdadeiro consigo e com os outros.
Veja algumas dicas para colocar a autenticação em prática:
- Comece por pequenos atos de coragem: experimente expressar seus pensamentos e sentimentos reais em situações cotidianas, mesmo que pareçam simples tarefas, como dizer que não quer fazer algo ou que prefere um outro caminho.
- Observe como se sente ao ser autêntico: pode ser libertador e também desconfortável, especialmente no começo. Entender essas reações ajuda no processo.
- Seja gentil consigo mesmo: derrubar o autoengano não acontece do dia para a noite, é um processo gradual que exige paciência.
- Peça feedbacks sinceros: estar aberto a ouvir como os outros percebem você pode revelar pontos que o autoengano tenta esconder.
Lembre-se: reconhecer e superar o autoengano é um ato de carinho consigo mesmo e de respeito à própria evolução. Quanto mais consciente você estiver desse processo, mais poderá viver de forma autêntica e leve.
Conclusão
O autoengano, aquele famoso “sou assim mesmo”, é um mecanismo que todos nós usamos em algum momento para proteger nosso ego e evitar enfrentamentos internos difíceis. Porém, como vimos ao longo deste artigo, reconhecer esse comportamento é essencial para que possamos viver de forma mais autêntica e consciente.
A Análise Transacional nos oferece ferramentas valiosas para identificar as máscaras que usamos e para fortalecer o nosso Eu Adulto — a parte de nós que observa com mais clareza e responsabilidade. Ao desenvolver essa capacidade, abrimos espaço para relações mais verdadeiras e decisões que realmente estejam alinhadas com nossos valores.
Superar o autoengano é um convite para uma jornada de autoconhecimento e crescimento. Não é um processo fácil e rápido, mas certamente é um caminho libertador. Que tal começar a perceber hoje mesmo quando você diz “sou assim mesmo” e se perguntar: “essa frase me ajuda ou me limita?”
Ao cultivar essa atenção, você estará dando passos firmes rumo a uma vida mais genuína, relações mais profundas e a uma comunicação mais sincera consigo e com os outros. Lembre-se: a mudança acontece no pequeno sorriso para si mesmo quando escolhe ser verdadeiro, e nas pequenas decisões corajosas que tomamos diariamente.
Então, que tal olhar para o seu autoengano com curiosidade e gentileza, e permitir-se crescer? O universo da Análise Transacional está aqui para te apoiar nessa caminhada!